Azul!
Essa é a resposta mais comum, mas há também o gelo
verde, o gelo preto (escuro), o gelo rosa, o verde, o amarelo.
Gelo Azul. Patagônia, 2014.
Gelo Azul. Patagônia, 2014.
A coloração do gelo e da neve sofrem influência de
inúmeros fatores: quantidade de ar que os compõem, incidência da luz, idade do
gelo, tipo de matéria em seu interior: sedimentos rochosos, algas ou outros organismos.
Gelo Azul. Antártica, 2018.
O gelo, como a água, comporta-se como
um filtro azul fraco, absorvendo a luz vermelha e laranja mais
fortemente do que absorve a luz verde e azul. Quanto mais espesso for o gelo,
mais azul ele parecerá, à medida que mais luz vermelha e laranja é absorvida.
Gelo Azul. Antártica, 2018.
Blocos de gelo e geleiras podem conter grande quantidade
de ar. A interface ar-gelo reflete a luz solar branca antes que ela
tenha a chance de penetrar e ser absorvida.
Gelo Azul. Patagônia, 2014.
Assim, a neve e a superfície das geleiras aparecem com uma
cor branca brilhante. Todavia, alguma parte da luz penetra mais fundo na
geleira onde grande parte do ar foi espremido para formar gelo, deixando apenas
algumas bolhas de ar que refletem a luz de volta. Nesse ponto é onde a maior
parte da absorção acontece.
Gelo Azul. Patagônia, 2014.
O resultado é uma dispersão profunda da
luz azul dentro da geleira.
Entretanto, quanto mais antigo o gelo, maior é a pressão
da água sobre o ar em seu interior, dificultando a passagem da luz, e fazendo-o
mais escuro, com uma aparência de vidro.
Gelo Preto (ou Escuro). Antártica, 2018.
Há relação
das cores com as mudanças climáticas?
O gelo e a neve podem também servir de hábitat para microorganismos
(algas e bactérias) cuja coloração irá tingir a superfície de grandes camadas
de neve na Antártica, e podem ser da cor vermelha (red snow algae), verde ou amarelo (green snow algae) ou marrom (brown
ice algae).
Lutz et.al. 2016.
Um dos problemas causados pela coloração da neve, dada pela proliferação de
microorganismos em sua superfície, é a redução do albedo. Albedo (brancura ou luz solar refletida, a
partir de albus, branco) é
a refletividade ou o poder de reflexão de uma superfície. O branco
reflete mais luz, enquanto cores mais escuras absorvem luz. Quanto mais algas
houver na neve, mais escura ela se torna e menos luz do sol ela reflete. O
escurecimento da superfície da camada de neve é um dos responsáveis pelo degelo.
Esse fenômeno ocupa um importante papel na mudança climática e no processo de
derretimento do gelo.
Neve com algas vermelhas. Antártica, 2018.
Neve com algas vermelhas. Antártica, 2018.
No Ártico, por exemplo, Lutz, S. e colaboradores (2016)
descobriram que uma mesma espécie de alga foi responsável por causar a neve
rosa. Durante os meses em que está quente na região, uma fina camada de água
derretida se forma entre o gelo e a neve. A luz solar e a água são condições
ideais para o cultivo das algas, que começam a proliferar. Isso cria uma
espécie de efeito bola de neve: quanto mais gelo e neve derretem, mais algas se
formam. Quanto mais algas se formam, mais luz solar absorvem, causando mais
derretimento (Lutz, et al., 2016).
Neve com algas vermelhas. Antártica, 2018.
O fenômeno também pode ser observado em outras regiões
polares do planeta e o seu estudo pode contribuir para o entendimento do degelo
e das mudanças climáticas.
Neve com algas vermelhas. Antártica, 2018.
Referências
Lutz, S. et al. The
biogeography of red snow microbiomes and their role in melting arctic glaciers.
Nature Communications. Vol. 7.
22 jun.2016
Agradecimentos:
agradeço à amiga Claudineia Lizieri por ter me inspirado a escrever esse texto. Clau, continuo na expectativa de escrevermos aquele artigo sobre as cores do gelo.
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